Desafio de desinfetante de alto nível, nível intermediário e baixo nível com atividade esporicida
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Desafio de desinfetante de alto nível, nível intermediário e baixo nível com atividade esporicida

Atualizado: 18 de mai. de 2021


SELEÇÃO DE UM DESINFETANTE PARA USO EM UM AMBIENTE DE FABRICAÇÃO FARMACÊUTICA


Ao selecionar um desinfetante para uso em uma área de fabricação de produtos farmacêuticos, os seguintes pontos devem ser considerados:


- O número e os tipos de microrganismos a serem controlados;

- O espectro de atividade dos desinfetantes comercialmente disponíveis;

- A concentração;

- Método de aplicação e tempo de contato do desinfetante;

- Natureza do material de superfície sendo desinfetado e sua compatibilidade com o desinfetante;

- Quantidade de compostos orgânicos na superfície que podem inativar um desinfetante;

- Possível necessidade de manter uma atividade bactericida residual do desinfetante na superfície;

- Corrosividade do desinfetante para equipamentos com aplicação repetida;

- Considerações de segurança para os operadores que aplicam o desinfetante;

- Compatibilidade do desinfetante com agentes de limpeza e outros desinfetantes;

- Rotação desinfetante planejada;

- Os passos que precisam ser tomados para evitar a contaminação de produtos farmacêuticos por um desinfetante.


DEFINIÇÕES SEGUNDO USP<1072> DESINFETANTES E ANTISSÉPTICOS


Desinfetante - Um agente químico ou físico que destrói ou remove formas vegetativas de microrganismos prejudiciais quando aplicado a uma superfície.


Desinfetante químico - Um agente químico usado em superfícies e objetos para destruir fungos, vírus e bactérias infecciosos, mas não necessariamente seus esporos.


Agente Esporicida - Um agente que destrói os esporos bacterianos e fúngicos quando usado em concentração suficiente para um tempo de contato especificado. Espera-se que mate todos os microrganismos vegetativos.


Antisséptico - Um agente que inibe ou destrói microrganismos em tecidos vivos, incluindo pele, cavidades orais e feridas abertas.


Agente de limpeza - Um agente para remoção de superfícies de instalações e equipamentos de resíduos de produtos que podem inativar agentes saneantes ou abrigar microrganismos.


Descontaminação - A remoção de microrganismos por desinfecção ou esterilização.




OBJETIVO DA QUALIFICAÇÃO DE PERFORMANCE


O objetivo da qualificação de performance é demonstrar o desempenho da atividade microbiana em desinfetante de alto nível, nível intermediário e baixo nível com atividade esporicida.


- Seleção do desinfetante;

- Seleção dos microrganismos;

- Seleção das superficies desafiadas;

- Determinação da eficacia do neutralizante;

- Teste de eficacia do desinfetante;

- Teste de desafia das superficies desafiadas;

- Critérios de aceitação.


SELEÇÃO DO DESINFETANTE


A eficácia de um desinfetante depende das seguintes condições:


- Atividade biocida, esporicida e fungicida;

- Concentração;

- Tempo de contato;

- Natureza da superfície desinfetada;

- Dureza da água usada para diluir o desinfetante;

- Quantidade de materiais orgânicos presentes na superfície;

- Tipo e o número de microrganismos presentes.


SELEÇÃO DOS MICRORGANISMOS DESAFIADOS


- Microrganismos preconizados na farmacopeia são:

Pseudomonas aeruginosa 9027, Aspergillus brasiliensis 16404, Bacillus subtillis 6633;


- Deve-se fazer um levantamento do microrganismo da flora ambiental mais presente nas identificações e avaliado pela microbiologia;


- Avaliar os gráficos da análise de tendência do monitoramento ambiental para detecção do aumento da população presente nos controles ambientais de monitoramento de superfície, ar ativo e passivo.


- Os microrganismos ex: Micrococcus luteus, Penicillium sp e Bacillus thuringienses foram predominantemente identificados durante os monitoramentos ambientais realizados no último ano por exemplo.


- Necessidade de uma requalificação de performance de acordo com a resistência do microrganismo encontrado frente aos microrganismos já testados.



SELEÇÃO E PREPARAÇÃO DE SUPERFÍCIES


Os suportes(carriers) representam a maioria dos tipos de superfície dentro da áreas produtivas ou quaisquer tipo de superfície que poderiam ser difíceis de desinfetar.

As superficies devem ser limpas de acordo com procedimentos reais de utilização para as superfícies das instalações ou equipamentos.

Os suportes mais utilizados são:


- INOX

- TEFLON

- VIDRO

- EPOXY

- PVC

- LUVA POLIETILENO

- EMBALAGEM PLÁSTICA

- BORRACHA

- SILICONE


MÉTODO DE EFICÁCIA do NEUTRALIZANTE


O objetivo deste teste é demonstrar que o neutralizante escolhido é eficaz, e faz a inativação do desinfetante de alto nível sem dar qualquer ação biocida ou biostático sobre os organismos em desafio.

Procedimento:


Adicionar 0,1ml do desinfetante de alto nível em 3 tubos contendo 10ml de D/E caldo neutralizante ou equivalente e agitar.


Para um segundo conjunto de 3 tubos, adicionar 0,1 ml de Buffer 7,2 ou equivalente a cada tubo de D / E Caldo neutralizante ou equivalente e agite. Isto servirá como controle positivo.


Inocular 0,1 ml de cada microrganismo desafiado em cada conjunto de 3 tubos com uma população de aproximadamente < 100 UFC (unidade formadora de colônias). Agitar.



Os tubos devem permanecer em temperatura ambiente por 30 minutos após o inoculo. Este tempo é o tempo determinado pelo fabricante, conforme ficha técnica, para uma ação sanitizante.


Filtrar o conteúdo total de cada tubo passando por membrana 0.45μm, após os 30 minutos.


Lavar a membrana com 3 porções de 100 ml com um Buffer 7,2 ou equivalente.


Após a lavagem da membrana, transferir a membrana para uma placa com Microbial Agar ou equivalente usando uma pinça estéril.


Incubar as placas a temperatura de 30 a 35ºC por 5 dias e incubar 20 a 25°C por 7 dias para bactérias e fungos respectivamente.


Examine as placas para crescimento microbiano e registre o número de colônias de cada placa.


Critério de aceitação: O número médio de unidades formadoras de colônias nas placas deverá ser superior a 70% do número médio de unidades formadoras de colônias nas placas de controle positivo.


DETERMINAÇÃO QUANTO À EFICÁCIA DO DESINFETANTE


Assepticamente adicionar 10 ml do desinfetante de alto nível em tubos estéreis em duplicata para cada microrganismo desafiado, assim como 10 ml de Buffer 7,2 ou equivalente em duplicata para os controles positivos.


Assepticamente adicionar de 1000 a 3000 UFC (3 Logs) do microrganismo a ser testado em cada duplicata com o desinfetante de alto nível. Fechar cada tubo e agitar por 1 minuto. Repetir o mesmo para o controle positivo.



Ex: Após 10 minutos que é um tempo inferior (mais crítico) da ação do desinfetante de alto nível que é de 30 minutos, conforme ficha técnica do desinfetante, retirar 1 ml do tubo desafiado e controle positivo para fazer diluições em série para obtenção de números contáveis e filtre o restante do conteúdo do tubo desafiado e controle positivo em membrana 0.45-μm.


Após a passagem da amostra pela membrana lavar com 3 volumes de 100ml com caldo D/E neutralizante ou equivalente.


Após a lavagem da membrana, transferir a membrana para uma placa com Microbial Agar ou equivalente e incubar as placas a temperatura de 30 a 35 ºC por 5 dias e incubar 20 a 25 ºC por 7 dias para bactérias e fungos respectivamente.


Para o controle negativo fazer diluições em duplicata.


Repetir o teste para os tubos com Buffer 7,2 ou equivalente para cada microrganismo testado (controle positivo).


Critério de aceitação: Cada um dos microrganismos desafiados deverá demonstrar 2 Logs de redução para esporos bacterianos e 3 Logs de redução para bactérias vegetativas.


TESTE DE DESAFIO NAS SUPERFICIES DESAFIADAS


O teste deve ser realizado em duplicata para as superfícies escolhidas e inoculada com cada microrganismo desafiado descritos. Dentro de cada um dos estudos, dois suportes inoculados serão com desinfetante de alto nível, nível intermediário e/ou baixo nível e dois suportes não expostos ao desinfetante servirão como controle positivo de recuperação.


Preparar os suportes de cada tipo de material com o tamanho de 5 cm x 5 cm (2 polegadas) de acordo com os procedimentos reais de utilização para superfícies e/ou equipamentos a serem validados.


Descontaminar os suportes com álcool Etílico 70% ou equivalente.


Reserve um suporte adicional de cada tipo por estudo para um controle negativo.


Inocular os suportes (dois para cada material), com uma quantidade aproximada de 1000 a 3000 UFC (3 Logs em um volume total de 0.1 ml) para cada microrganismo e suporte desafiado.



Para os controles positivos (dois para cada material), adicione a mesma quantidade de 0,1ml de Buffer 7,2 ou equivalente para cada suporte e microrganismo desafiado.


Para cada estudo (Desafio e controle positivo) adicionar a quantidade 0,1ml de desinfetante de alto nível pelo tempo determinado de 10 segundos ou conforme recomendado e colocar os suportes desafiados e controle positivo, com pinças estéreis, em 10 ml da solução de Caldo D / E neutralizante.



Agitar delicadamente cada tubo individualmente com os suportes (incluindo controles negativo e positivo).


Retirar 1 ml do tubo desafiado e controle positivo para fazer diluições em série para obtenção de números contáveis e filtre o restante do conteúdo do tubo desafiado em membrana 0.45-m descartando o suporte em seguida.



Enxaguar o filtro com 200 ml de Buffer 7,2 ou equivalente.


Colocar as membranas em Microbial ágar ou equivalente usando uma pinça estéril, assegurando que nenhuma bolha se forme entre a membrana e o meio.


Repetir o estudo para cada microrganismo desafiado e cada superfície desafiada, incubar as placas por 5 dias a 30-35C para bactérias e 7 dias a 20-25C para fungos respectivamente.


Critério de aceitação: Cada um dos microrganismos desafiados para cada superfície desafiada deverá demonstrar 2 Logs de redução para esporos bacterianos e 3 Logs de redução para bactérias vegetativas.



REFERÊNCIAS


USP <1072> Disinfectants and Antiseptics.

USP <1227>Validation of Microbial Recovery from Pharmacopeial Articles.

Serry FM, Kadry AA, and Abdelrahman AA. (2003 March). Potential biological indicators for glutaraldehyde and formaldehyde sterilization processes. J. Ind Microbiol Biotechnol 3: 135-40Sattar, A. Syed. (2003 May). Quantitative Carrier Tests for Chemical Germicides: An update and recommendations. CSPA Midyear Meeting, University of Ottawa, Canada.


Autor: Rodnei Santos


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